26 de ago. de 2013

Trauma


O significado psicanalítico da palavra “trauma” refere-se a um fato – realmente acontecido – de que tenha tido alguma importante repercussão no psiquismo do sujeito. 

No inicio da sua obra, Freud partiu da concepção de que o conflito psíquico era resultante das “repressões” impostas pelos traumas de uma sedução real, de fundo sexual, que suas jovens pacientes histéricas teriam sofrido quando meninas por parte do pai.

Freud enfatizava que essas repressões depositadas no inconsciente retornavam ao consciente sob a forma de sintomas. Daí ele postulou que “os neuróticos sofrem de reminiscências” e que a cura consistiria em “lembrar o que estava esquecido”. A teoria do trauma está datada no que refere ao seu sentido mais geral. Mas em contexto específico continua a ser válida e bastante importante.

Quando houve, de fato, uma sedução prematura por parte de um adulto ou criança mais velha (não necessariamente o pai), a probabilidade da criança ter sido traumatizada pela experiência é bastante elevada e a resposta do psiquismo a um acontecimento traumático é muitas vezes (mas não sempre) a ativação da repressão como mecanismo de defesa principal. Quanto mais grave foi o trauma infligido e/ou vivido, mais intensa será a força da repressão.

A substituição lenta e progressiva da repressão por outro(s) mecanismo(s) de defesa mais adequado permite a emergência para níveis pré-conscientes e/ou conscientes da vivência traumática e esse maior acesso à consciência facilita a elaboração e metabolização dos afetos e memórias anteriormente reprimidos e escondidos.

A inferência generalista de que “os neuróticos sofrem de reminiscências” não é considerada válida pela psicanálise atual. A psicanálise também já não tem por objetivo “lembrar o que estava esquecido”, se bem que em alguns momentos do processo analítico isso pode ser importante ou até mesmo fundamental.
David Zimerman

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