1 de ago. de 2009

Nel mezzo del cammin

No meio do caminho desta vida me vi perdido numa selva escura, solitário, sem sol e sem saída. Ah, como armar no ar uma figura desta selva selvagem, dura, forte, que, só de eu a pensar, me desfigura? É quase tão amargo como a morte; mas para expor o bem que encontrei, outros dados darei da minha sorte. Não me recordo ao certo como entrei, tomado de uma sonolência estranha, quando a vera vereda abandonei. Sei que cheguei ao pé de uma montanha, lá onde aquele vale se extinguia, que me deixara em solidão tamanha, e vi que o ombro do monte aparecia vestido já dos raios do planeta que a toda gente pela estrada guia. Então a angústia se calou, secreta, lá no lago do peito onde imergira a noite que tomou minha alma inquieta; e como náufrago, depois que aspira o ar, abraçado à areia, redivivo, vira-se ao mar e longamente mira, o meu ânimo, ainda fugitivo, voltou a contemplar aquele espaço que nunca ultrapassou um homem vivo. Dante Alighieri

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